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Quem teve um AVC pode dirigir?

  • Foto do escritor: Fernanda Botta
    Fernanda Botta
  • 21 de fev. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 25 de jun. de 2023

Foi de tanto ouvir essa pergunta dos meus pacientes no meu consultório de Fisioterapia (e não saber respondê-la) que decidi estudar a fundo sobre o assunto durante o doutorado na Universidade de São Paulo. Afinal, quem teve um AVC pode voltar a dirigir?


Bom, para responder essa pergunta é importante a gente entender que dirigir é sim, importante. Afinal, essa é uma atividade que garante a autonomia e a independência das pessoas, facilita o acesso ao trabalho e ao lazer, o que permite que a gente tenha maior participação social.


No entanto, ao contrário do que muita gente pensa, a parte mais difícil de dirigir não se relaciona com os movimentos que precisamos fazer para manusear os pedais/volante ou para fazer a troca das marchas (movimentos esses que podem ser prejudicados pelo AVC mas cuja adaptações veiculares os compensam).


Na realidade, a parte mais difícil de dirigir está nas tarefas cognitivas que precisamos fazer para controlarmos o carro: é preciso prestar atenção em todo o ambiente ao redor e não se distrair com as múltiplas informações que recebemos (isso é, é preciso inibir as informações irrelevantes), além de tomar decisões rápidas baseadas na análise do ambiente e executá-las em segurança. Além disso, é preciso evitar comportamentos impulsivos como não respeitar os limites de velocidade, usar o celular ao volante e fazer ultrapassagens arriscadas.


E o que encontrei na minha pesquisa de doutorado é que, infelizmente muitas pessoas que sofreram AVC, principalmente aquelas cuja lesão está localizada do lado esquerdo do cérebro (isso é, cujo lado direito do corpo ficou acometido), tem prejuízos cognitivos relacionados a desatenção e a disfunção executiva que prejudicam o retorno a direção veicular.


Isso quer dizer que todo mundo que teve o AVC a esquerda não pode dirigir? Não, não foi isso que eu quis dizer. A verdade é: todo mundo que teve AVC, principalmente aqueles que tiveram AVC do lado esquerdo do cérebro, devem passar por uma avaliação cognitiva feita por profissional especializado (como neuropsicólogos) para avaliar a aptidão para dirigir após o AVC.


Por mais importante que dirigir seja para você, ainda mais importante é dirigir de forma segura, sem colocar você e outras pessoas em risco. Por isso, se para você é importante voltar a dirigir depois do AVC, não entre no carro e comece a praticar sozinho, procure ajuda. Converse com seu neurologista e procure o DETRAN para solicitar sua CNH especial.


Com carinho,

Fernanda Botta.

Doutora pela Universidade de São Paulo pela defesa da tese intitulada "Avaliação do desempenho de indivíduos com sequela de Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEI) em relação à aptidão para dirigir".

Fisioterapeuta

Crefito-3/192115-F



 
 
 
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